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Tudo sobre vacinas, recuperação e risco fiscal

Um sentimento mais positivo toma conta do mercado financeiro com os anúncios de sucesso da fase III da vacina da Pfizer e da Moderna para a imunização da COVID-19.  As duas fórmulas apresentaram resultados promissores contra o vírus, que tem causado aumento no número de hospitalizações pelo mundo e, consequentemente, restrições impostas pelos governos à mobilidade de suas populações. Mais recentemente a vacina da AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, apresentou eficácia de até 90%. Apesar de ter uma resposta menos eficiente, ele se torna mais uma opção para a população ser vacinada com maior agilidade em 2021.  

As vacinas ainda possuem alguma incerteza quanto ao seu percentual de efetividade e algumas questões de logística precisam de resolução imediata: a vacina da Pfizer, por exemplo, precisa ser armazenada em temperaturas de -70°C, o que requer um (super) congelador. A da Moderna, precisa ser armazenada em temperaturas de -20°C. 

No Brasil, o movimento econômico está mais contido. A bolsa, mais uma vez, ultrapassa o patamar dos 100 mil pontos, mas ainda está longe do seu índice máximo. O dólar arrefece das máximas, mas a cotação da moeda permanece elevada. Os juros não dão trégua, e precificam elevados aumentos de taxa de Selic para os próximos anos.  

Incerteza política e questões fiscais são colocadas pelos participantes do mercado como motivos para o freio de mão puxado do mercado brasileiro. A falta de novas reformas aliada ao receio da prorrogação de auxílio emergencial e mais um governo populista tem assombrado o Brasil e seus investidores. A nossa história bem recente mostra as consequências que podem existir em políticas populistas continuadas com distorções econômicas forçadas.

Reportagens e entrevistas com participantes de mercado chegam a falar de medo da hiperinflação ou de dominância fiscal. Falando mais especificamente de hiperinflação, alguns pontos são bem relevantes para a mesma ocorrer em alguns países, em caso de endividamento:

1. Não ter uma moeda que seja reserva de valor internacional;

2. Ter reservas muito baixas de moeda estrangeira;

3. Ter muita dívida em moeda estrangeira

4. Ter um déficit grande e crescente, tanto no governo quanto em conta corrente (o que causa necessidade de imprimir dinheiro para frear os déficits);

5. Ter taxas de juros reais bastante negativas, que não compensam o investidor por carregar a moeda em questão;

6. Histórico de alta inflação e retornos negativos históricos em sua moeda.

Alguns pontos são aplicáveis ao Brasil, outros nem tanto. Enquanto a perspectiva de dívida parece uma grande incógnita, alguns itens não são positivos: o real não é moeda de reserva de valor internacional e apresenta retornos históricos de desvalorização com relação ao dólar. Em taxas curtas, apresenta taxas de juros reais negativas.

Olhando por outra percepção mais positiva, o Brasil tem alto nível de reservas (US$345 bilhões, em outubro de 2020), e considerando somente a parte da dívida pública, possui apenas 5,43% de dívida atrelada a outras moedas.

Os argumentos aqui apresentados ressaltam que, dado foco exclusivamente no Brasil, a probabilidade de ocorrer uma crise de dívida hiperinflacionária (vs. deflacionária), considerando as condições apresentadas atualmente, é muito inferior ao que já se apresentou em décadas passadas. Ainda coopera para isso uma economia que, mesmo sem apresentar grandes resultados de crescimento nos últimos anos, teve grande parte das manipulações forçadas de preços removida e apresenta relações entre variáveis econômicas funcionais.

Em resumo, temos uma diversidade de situações no cenário econômico mais adiante. Conhecer os riscos e ponderar os cenários é de suma importância para montar sua carteira de investimentos e obter melhores resultados em cenários variados ao longo do tempo. 

Texto escrito por Hugo Szmidt, mestre em economia.

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